Um estudo inédito da Confederação Nacional do Transporte (CNT) mostra que as mudanças climáticas se tornaram um fator real de risco financeiro e operacional para o setor de transportes. De acordo com a pesquisa, 70,6% das transportadoras sofreram prejuízos diretos causados por eventos climáticos extremos nos últimos cinco anos. Entre os casos mais severos, 25% das empresas registraram perdas acima de R$ 1 milhão, enquanto 9,9% ultrapassaram R$ 5 milhões.
A pesquisa aponta um impacto operacional expressivo: 74,6% das empresas relataram interrupções nas operações, e 72,2% tiveram paralisações completas — em 9% dos casos, por um mês ou mais. Os efeitos incluem rotas bloqueadas, danos à infraestrutura, atrasos logísticos, indisponibilidade de insumos e restrições ao fluxo de carga.
O cenário recente no país ilustra a gravidade do problema. Em 2024, enchentes no Sul, estiagens severas na Amazônia, tempestades no Sudeste e incêndios no Centro‑Oeste afetaram diretamente a malha de transporte. Esses eventos reforçam a necessidade de planejamento preventivo e capacidade de adaptação no TRC.
Os desafios variam por modal:
-
No rodoviário, temperaturas extremas deformam pavimentos e chuvas danificam pontes e túneis.
-
No ferroviário, calor provoca flambagem de trilhos e chuvas intensas aumentam o risco de descarrilamento.
-
No aquaviário, estiagens severas restringem vias navegáveis, especialmente na Amazônia.
-
No aéreo, tempestades e baixa visibilidade elevam atrasos e cancelamentos.
Os custos também aumentaram: 63,4% das empresas afetadas tiveram despesas adicionais com reparos e manutenção; 47,9% enfrentaram custos extras com armazenagem, atrasos e perda de prazos. A maioria cobriu os prejuízos com recursos próprios (76,9%), evidenciando a falta de mecanismos de apoio emergencial.
A CNT recomenda um conjunto de ações para fortalecer a resiliência do setor, incluindo obras de infraestrutura adaptativa, monitoramento meteorológico avançado, capacitação técnica, governança integrada e mecanismos de financiamento específicos para eventos climáticos.
O SETCOM reforça a importância da gestão de risco, do planejamento operacional e da adaptação contínua para minimizar impactos e proteger a sustentabilidade das operações de suas associadas.
