O Brasil atravessa um dos períodos mais críticos para o Transporte Rodoviário de Cargas (TRC). A falta de caminhoneiros atinge níveis inéditos e já coloca em risco a capacidade de abastecimento do país. Segundo a Senatran, o Brasil perdeu 1,1 milhão de motoristas entre 2013 e 2023, uma queda de 20% no contingente de profissionais.
O cenário é agravado por três fatores estruturais:
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envelhecimento acelerado da categoria;
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baixa atratividade entre os jovens;
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evasão crescente de autônomos devido aos custos e à instabilidade do setor.
Envelhecimento e evasão aumentam a urgência
Levantamento da CNT mostra que 26,9% dos caminhoneiros têm entre 40 e 49 anos, e grande parte já ultrapassou os 50. A renovação é lenta, enquanto jovens demonstram pouco interesse pela profissão — principalmente pela baixa atratividade financeira, jornadas exaustivas e falta de pontos de descanso nas rodovias.
A CNTA alerta que mais de 37% dos autônomos podem deixar a atividade até 2026, pressionados pelo aumento dos custos e pela instabilidade dos fretes.
Crise também atinge setores especializados
Até categorias de alta especialização, como os cegonheiros, relatam dificuldade para formar novos profissionais. O modelo tradicional de treinamento — baseado em longos períodos acompanhando motoristas experientes — se tornou financeiramente inviável, reduzindo ainda mais a oferta.
Soluções passam por tecnologia, formação e valorização
Transportadoras e entidades reforçam que não haverá solução sem políticas estruturadas de qualificação profissional. Ganham relevância:
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programas de formação e capacitação;
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incentivos para obtenção da CNH profissional;
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renovação de frota com caminhões mais confortáveis e tecnológicos;
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melhorias nas condições de trabalho e pontos de parada;
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remuneração adequada e programas de bem‑estar.
Crise global: Europa enfrenta rejeição e imagem negativa da profissão
A escassez de motoristas não é exclusividade brasileira. Na Europa, o Truck Driver Barometer 2024 registrou rejeição média de -43 à profissão, com países como Espanha (-76) e Polônia (-59) em situação ainda mais crítica.
Apesar disso, 81% dos motoristas europeus afirmam gostar do trabalho em si, indicando que o problema central está na infraestrutura e nas condições oferecidas.
Alemanha vive dupla pressão: escassez e custos crescentes
Mesmo com economia fraca, a Alemanha enfrenta forte alta nos custos logísticos devido à escassez de motoristas. Salários subiram 3,7% em 12 meses, acima do reajuste dos fretes, fazendo da mão de obra o principal componente de custo do setor.
Sem motorista, não há logística
A soma de envelhecimento, desinteresse dos jovens, infraestrutura precária e condições inadequadas cria um ambiente que ameaça empresas, embarcadores e toda a cadeia logística.
Especialistas apontam ações prioritárias:
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melhoria das condições de descanso;
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valorização financeira;
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acesso facilitado à formação;
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campanhas de reconhecimento social;
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renovação de frota.
Fonte: Estradão – 26/11/2025.
Conte com o SETCOM
O SETCOM acompanha de perto os desafios do TRC e atua para fortalecer políticas de valorização, qualificação e melhoria das condições de trabalho dos motoristas profissionais — pilar fundamental da logística nacional.
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