
A indústria de veículos pesados vive um período de desaceleração. Entre maio e setembro de 2025, o setor eliminou 445 postos de trabalho, segundo dados divulgados pela Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
O movimento é reflexo direto da queda na produção de caminhões pesados, o segmento mais impactado pela retração do mercado. Entre janeiro e setembro, foram produzidas 49.616 unidades, uma queda de 16,7% em relação ao mesmo período de 2024.
“Precisamos atuar para que haja uma retomada no mercado de caminhões, sobretudo no segmento de pesados, que tem puxado essa retração”, afirmou Igor Calvet, presidente da Anfavea.
Mesmo com o desempenho negativo, alguns segmentos apresentaram resistência. O setor de semipesados e veículos leves de distribuição tem sustentado parte da demanda, impulsionado pelo e-commerce e pela construção civil.
Agronegócio e juros limitam a retomada
A desaceleração está fortemente ligada à pressão sobre o agronegócio, tradicional comprador de caminhões pesados. De acordo com Alcides Cavalcanti, diretor-executivo da Volvo Caminhões, os preços mais baixos das commodities e o aumento dos custos afetaram produtores e transportadoras.
“O transportador só investe se tiver segurança de retorno. Hoje o mercado vive um ambiente de incerteza econômica e política, além de juros altos que travam a renovação de frotas”, destacou o executivo.
Apesar da retração, as exportações cresceram 84,7% nos primeiros nove meses do ano, ajudando a reduzir as perdas do mercado interno.
Perspectiva de estabilização
Para Luiz Gambim, diretor comercial da DAF Caminhões, a queda nos pesados é preocupante, mas o cenário ainda é administrável. A fábrica da montadora em Ponta Grossa (PR) opera com cerca de 30% de ociosidade, sem previsão de novos cortes.
“O mercado se ajusta. Estamos focados em segmentos com maior demanda e em soluções de financiamento que ajudem o transportador a planejar a renovação da frota”, afirmou.
Com o cenário econômico ainda desafiador, a expectativa do setor é de estabilização gradual a partir de 2026, dependendo do comportamento dos juros e da recuperação do agronegócio.
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